sábado, 31 de outubro de 2009

Volto a falar de arte

Quando "empunhei" minha primeira câmera digital e saí por aí registrando imagens para a posteridade, voltei, sem querer, a incorrer numa atitude que me acompanha desde os primórdios: transformar tudo o que me chega às mãos ou em arte, ou em matéria prima, ou em ferramenta pra fazer arte. Na verdade eu nem tinha pensado agora em escrever sobre este assunto mas, assim como a arte, a narrativa de fatos me fascina. Gosto de contar histórias, nem que seja a minha mesma pois, contando um pouco da minha história conto um pouco da história de tudo o que me cerca, por exemplo: A imagem acima é composta de: 3/4 de fotografia e 1/4 de arte gráfica e aí volto à primeira câmera. Como a base de qualquer projeto que se preze é o espaço que lhe cerca, saí pra dar um rolé no bairro e fazer fotos que me dissessem algo e me impelisse a algo mais que uma simples série fotográfica.
Afogados é um movimentadíssimo bairro comercial e industrial que, além de tudo, liga diversos outras regiões da cidade, ou seja, a circulação de pessoas é um verdadeiro "formigueiro". A diversidade de imagens, cores, movimentos, objetos, atitudes, etc., é enorme. Um prato transbordando para qualquer fotógrafo, ainda mais pra um foto-jornalista. Acontece que a arte se sobrepõe a qualquer filosofia. O artista não é "portador" da arte (o que já seria uma definição bastante convincente); ele é a própria arte encarnada. Uma frase, apesar de "lugar comum" é insubstituivel pra definir isso: "Ninguém escolhe a arte, é escolhido por ela", ou seja, ningém é culpado. Assim sendo, no meu "tour" fotográfico pelo bairro, nenhuma imagem me chamou mais a atenção do que a dos velhos mosaicos nos pisos das velhas construções. Na minha infância pobre em Coqueiral, essas peças arquitetônicas simbolizavam pisos nobres em palácios, conventos, repartições públicas e, na pior das hipóteses, nas casas dos mais abastados. Nas mais pobres o chão era de cimento, quando muito "avermelhados" ou "esverdeados" por corantes.
Eu menino, quando ia ao centro da cidade com meu saudoso pai, ficava olhando e admirando os belos desenhos sincronizados (combinados, melhor dizendo) dos mosaicos e, meio século depois, na era digital, descobrí um hobby interessante ligado a esses interessantes objetos artísticos da construção: O resgate e reutilização dos desenhos dessas peças. É disso que trata a imagem acima e é disso que tratarei em posts futuros, aguardem!

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