sábado, 20 de março de 2010

Quero voltar pra casa. Click! Voltei,ufa!!!

Quando eu era adolescente gostava de fazer exercícios de futurismo. Ficava no muro da escola olhando os trens passarem e imaginando como seria dali a muitos anos. Naquele tempo o transporte ferroviário da minha região vivia uma transição entre a “maria fumaça “(locomotivas movidas a vapor gerado por uma caldeira que queimava lenha ou carvão mineral) e as locomotivas a óleo diesel. Trem elétrico só existia no sul (leia-se São Paulo e Rio). Mas eu sabia que um dia o “progresso” chegaria ao nordeste embora não tivesse a menor idéia de quando isso aconteceria. Comentava com meus amigos de escola e era, muitas vezes, motivo de chacotas: “um dia o trem elétrico vai passar bem aqui, nessa linha”. Hoje o metrô que liga Recife a Jaboatão passa exatamente em frente à minha antiga escola primária e, às vezes que viajo nele e passo por lá, fico lembrando de minhas “previsões”.
Contei este fato pra mostrar como o tempo passa rápido e como coisas que a gente acha que vão demorar a acontecer acontecem assim, da noite pro dia. Tudo bem, entre esta historinha e hoje se passaram ai uns cinqüenta anos mais ou menos e pra quem tem menos de trinta, cinqüenta anos parecem uma eternidade, mas pra quem já os viveu a sensação de “parece que foi ontem” é inevitável mas, nesse meio século as coisas evoluíram muito e cada vez mais rápido e pra quem já está “rodado”, a sensação é de ter entrado numa daquelas máquinas do tempo que a gente via nos seriados “grotescos” da TV em preto e branco e que ainda povoam (em versões mais modernas, claro) a imaginação dos criadores do cinema atual.
Pois é, antes que algum “jovenzinho” comece a tirar sarro da minha cara dizendo que isso é papo de velho, eu faço a constatação que, mesmo depois desse meio século, essa tal “máquina do tempo” que faz a gente entrar nela e sair dela onde e quando quiser ainda não existe. Tá, existe o avião que nos leva onde quisermos mas não é num piscar de olhos. Tudo bem que um Airbus ou um 747 faz o percurso entre Recife e Paris ou New York em bem menos tempo que um “Super Constelation” da década de 60 fazia, mas ainda assim continua sendo um avião (que já existia no inicio do século passado) e o que é pior, ainda cai de vez em quando.
Uma coisa porém sofreu (e sofre ininterruptamente) evoluções espantosas: a comunicação. Depois que o americano inventou (ainda na década de 40) o transistor pra usar como arma de guerra (como tudo que o americano inventa) e o japonês o reinventou pra miniaturizar tudo o que é parafernália eletrônica (começando com o radinho de pilha), a coisa não parou mais de evoluir e isso até os que ainda não tem vinte ou trinta anos já percebem porque hoje a coisa “desimbestou” como diriam os matutos. Uma máquina que hoje de manhã é ultra-moderna, à tarde pode estar totalmente obsoleta. Quer um exemplo? Essa maquininha da qual vos blogo. Durante as poucas horas que nela me concentro pra falar pro mundo (e ler e ver o mundo também), dezenas de atualizações baixam (como se fossem entidades espirituais) pro meu antivírus. Sem essas atualizações o antivírus fica inoperante e com o antivírus inoperante a máquina pode se tornar em poucos segundos de um ataque viral, um monte de ferro (leia-se plástico, cristal líquido e silício) velho.
Voltando ao assunto inicial deste post que seria a transição passado-presente-futuro, eu diria que esta sim é, ainda que virtualmente falando, uma máquina do tempo e do espaço. A informação que ela nos permite obter nos leva em frações de segundos tanto ao passado remoto quanto a possibilidades futurísticas passando pelo presente transitivo. Ao mesmo tempo nos permite estar em um click na Europa França e Bahia passando por Marte onde o homem ainda nem chegou em carne e osso. Neste momento (ou quase) posso saber exatamente o que se passa (ou se passou há segundos) na Austrália (onde eu levaria mais que um dia pra chegar mesmo na mais rápida aeronave), no Quênia, na Nova Zelândia, no deserto do Saara, em Cabrobó, Orobó, Tacaimbó, etc, etc, etc, tudo isso passando antes por um (ou mais )satélite pendurado lá em cima onde os anjos dormem.
Confesso que nunca cruzei as fronteiras desse meu Brasil varonil nem pra comprar muamba no Paraguai mas dentro dele (que não é pequeno) já andei mais do que “pitomba na boca de véio”, como diria meu saudoso pai. De Belém do Pará a Sampa passando por Brasília (te esconjuro!), conheço quase tudo. Gosto de viajar mas ainda acho a melhor parte da viagem, a volta. Por isso, enquanto os amigos viajam pro exterior eu ainda prefiro tomar o rumo do interior mesmo porque é mais fácil e mais rápido pra voltar pra casa. Doméstico? Sou mesmo e acho que um dia até poderei dar umas voltas aí pelo mundo mas com data e hora pra pegar o caminho de volta.
Resolvi escrever este post depois de visitar o blog de uma portuguesa que mora no Japão e que narra suas aventuras na terra do sol nascente às voltas com a dificuldade de comunicação (ou a falta dela) num país onde a escrita é linda mas pra entender... Entre outras coisas a cidadã diz que tentar se comunicar em inglês lá é quase impossível, em português então...
Aí você me pergunta: Será que você nunca imaginou estar um dia numa situação dessas?
Aí eu respondo: Mas nem fudendo!
Se pra entender os matutos da minha Ruinha e o Portuga da padaria já é difícil, imagina morar em país estranho e ter que aprender a ler “garrancho” e falar gemendo que nem quem tá com cólica intestinal. Deusmelivre!
Prefiro mesmo viajar na blogsfera onde em minutos rodo esse mundinho todinho e quando me canso, click! Dá licença que eu vou na cozinha fazer um café.

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